"Onço"
Quando finalmente eu acredito que achei uma diarista, meu gato dá um jeito para que a mulher nunca mais nem passe perto da minha casa.
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Dentre as instruções que passei à moça no primeiro dia, a mais importante fora: - peça à babá que retire o gato do meu quarto antes de vc entrar para limpá-lo, pois o bicho fica agressivo e ataca gente estranha.
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Ela me ouviu? Claro que não, né? A mulher entrou em meu quarto, disposta a continuar a limpeza e terminar o mais rápido possível visto o avançar das horas.
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Contudo, o quarto do casal é território do gato, onde ele dorme folgadamente e passa a maior parte do dia escondido dos dois “anjinhos”, rs... Adentrar seu território sem pagar pedágio, só para os moradores da casa.
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E assim foi. A diarista invadiu o quarto com vassoura, rodo, balde, abrindo e fechando armários e gavetas. O bichano se viu acuado e imediatamente ouriçou os pêlos. Parecia que ele crescera de tão fofo e rabo de guaxinim. Tomou a posição de ataque, afinal, “uma estranha vinha lhe fazer mal”, senão, por que tantas armas? No momento em que a diarista tentou puxar a colcha de cama, o gato deu a primeira unhada e “rosnou” avisando que não continuasse. A mulher tentou novamente e o gato sentiu seu medo. O bichano se transformou numa onça, desceu da cama e andou em direção à diarista, encurralando a mulher contra a parede. Ela gritou. A babá, que dava o lanche ao Dudu (preso em sua cadeira de refeições), apareceu correndo no quarto para descobrir o motivo da gritaria. Ela viu com terror o “gato-onça” que cravava as garras nas pernas da mulher. Gritos de pavor e dor. Da sala mais gritos: o Dudu que não gosta nada de bagunça, ouviu a gritaria e se danou a gritar também o mais alto que pôde. A babá, de olhos arregalados, Guilherme chorando assustado em seu colo, não sabia a quem acudia: se a moça, se o Dudu.
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A moça ensangüentada correu para a sala junto com a babá de cabelos em pé e coração acelerado. Fico tentando imaginar a cena. Os vizinhos nos odeiam com certeza, rs... Minha casa virou um pandemônio!
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O “onço” tomou ousadia e depois do ataque se sentiu onipotente, o rei do pedaço. Com toda sua majestade, foi à sala enxotar de vez a intrusa. Enquanto a diarista remendava os picotes que o gato fizera em suas pernas, o bicho a esperava na sala. Alguns minuto depois, os corações voltaram ao ritmo quase normal e a mulher resolveu continuar o trabalho.
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Ao vê-la apontando na porta da cozinha, o “onço”, de pupilas dilatadas (seus olhos azuis se transformaram em olhos pretos de fera), afiava as unhas no tapete de TNT: crek, crek, crek... como um açougueiro prestes a fatiar carne, rs...
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A mulher continuou apavorada e a babá precisou com muito jogo de cintura, tocar o gato até um dos quartos e prendê-lo para que a diarista terminasse o serviço.
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Durante toda história, a babá me ligou e tentei ajeitar as coisas como pude. Fiquei com pena da diarista, pedi para ela lavar o machucado com água e sabão e colocar água oxigenada. Paguei um valor a mais do que eu havia combinado por conta do incidente, perguntei se a mulher estava bem e se voltaria, rs... Ela disse que não sabia. Era de se esperar, coitada! O susto foi muito grande e acho que perdi a diarista. Afe!
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Decididamente, ou tenho muita sorte e a vida está me poupando de aborrecimentos futuros, ou os astros conspiram contra meu projeto de conseguir uma empregada.
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Gato inútil! Não ajuda em nada e ainda atrapalha! Agora ele é quem vai ter que se virar para arrumar outra pessoa! Rs...
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Queridas amigas,
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Por um motivo que não posso revelar completamente, tive que restringir o acesso ao blog do Dudu por um período curto, espero eu. Postarei tudo neste blog por enquanto.
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Uma empregada que trabalhou lá em casa recentemente está tentando me extorquir quase seiscentos reais por oito dias trabalhados (incluindo o fim de semana). Talvez tenhamos que ir à esfera judicial resolver o caso e precisei me proteger restringindo o blog. Dessa história não sairei no papel de vítima e buscarei me defender de todas as maneiras possíveis (regresso). Tenho medo do que a empregada possa fazer com minha família, pois ela conhece nossa rotina. Tomara que a situação se resolva o mais rápido possível e depois contarei o que aconteceu. Assim, continuo minhas histórias neste blog.
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Beijos a todas.
Nossa Cat, essas mulheres são fogo né? Disse uma amiga minha que a empregada dela sabe mais de direitos trabalhistas do que ela, que estuda Direito hahahahaha.
Pq vc não as faz assinar tudo? Tipo: Trabalhei aqui do dia tal ao dia tal e não deu certo, recebi tal e meu período de adaptação não agradou a patroa por isso não trabalho mais.
Acho que isso ia ajudar bastante. Sei lá, não sou advogada. Mas dei bastante risada com o gato.
Cada coisa. QUando eu acho que vc não vai ter mais estórias para contar sobre as empregadas, surge novas... kkkkk.
Beijinhos!